A união do mundo real e virtual deixou de ser ficção científica e virou tema de interesse para investidores do mercado de tecnologia no mundo todo. O metaverso promete ser o próximo estágio da vida digital e desperta o interesse de muitas empresas além das big tech que trabalham em seu desenvolvimento. Mas afinal, o que é o metaverso e o que ele tem a ver com o seu provedor de internet?
Metaverso é na prática um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e hologramas. Para entender o conceito dá para usar o filme Matrix, de Lilly e Lana Wachowski, como exemplo.
Na história os humanos viviam imersos em uma realidade virtual construída por uma inteligência artificial que usava seus corpos para gerar energia. Era dentro desta realidade virtual, através de avatares, que as interações entre as pessoas aconteciam. A ideia é que o usuário deixe de ser apenas um observador e seja parte integrante do ambiente digital.
Há quem enxergue o metaverso como uma evolução da internet. Os mais céticos acreditam que ele seja um risco para privacidade ou que se torne um vício para muita gente. O fato é que, apesar de existirem alguns metaversos por aí, a ideia ainda não decolou plenamente. Além dos altos investimentos de desenvolvimento necessários para as empresas que embarcam neste tipo de projeto, outros obstáculos impedem o metaverso de ganhar popularidade.
Nova vida digital
Para alguns a realidade virtual é atraente para alguns nichos específicos como jogos e entretenimento, mas para o cotidiano ele ainda não faz muito sentido. De uma maneira ou de outra, o estudo “O Impacto da Tecnologia em 2023 e Além”, feito pelo Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) com 350 líderes globais de tecnologia nos Estados Unidos, no Reino Unido, na China, na Índia e no Brasil, aponta que 91% das empresas consultadas estão adotando estratégias relacionadas à tecnologia do metaverso. Além disso, 76% dos participantes afirmam de 25% a 75% de suas interações com colegas, clientes e gestores devem ser realizadas de forma virtual no próximo ano.
No Brasil, o relatório da IEEE mostra que as áreas que devem dominar a tecnologia no próximo ano serão justamente 5G (66%), metaverso (62%) e realidade aumentada (38%). O estudo mostra que a internet 5G deve beneficiar, sobretudo, a automação veicular, segundo 97% dos entrevistados. Em seguida estão atividades como aprendizado e educação remotos (56%); telemedicina (54%); transmissão de eventos ao vivo (51%); comunicação pessoal e profissional (49%); transporte e controle de tráfego (29%); fabricação e montagem (25%) e redução da pegada de carbono e eficiência energética (23%).
O papel dos provedores de internet
Para Luis Leão, desenvolvedor Evangelista na Twilio, os provedores de internet são extremamente relevantes para a nova geração da internet. “O papel do ISP é ser o canal de comunicação, é ser a via que vai fazer com que os dados cheguem mais rápido”. Ele explica ainda que o metaverso concentra usuários de diferentes locais e o objetivo dos provedores é “garantir que existem canais de comunicação ou meios em que os dados são sincronizados com a menor latência possível”, independente da tecnologia utilizada para acessar o ambiente. “Então é importante, por exemplo, trazer uma discussão de ponto de troca de tráfego, de dados do metaverso, para trazer um melhor controle de segurança dessa informação”, ressalta.
Para ele, um dos maiores obstáculos para a popularização do metaverso é o preço dos equipamentos necessário para o acesso, como os óculos de realidade virtual, por exemplo.
“Deve ser discutida a democratização do acesso ao metaverso. De como vai ser o feedback do acesso. O que é o acesso mínimo para o metaverso e até onde podemos chegar em questões de experimentação”, afirmou Luis. Os equipamentos são um impasse maior que a própria velocidade de rede, e por isso a maioria das oportunidades estão, atualmente, no modelo B2B, segundo o profissional.
A privacidade do usuário e o tratamento de dados é outro assunto polêmico que envolve os provedores de internet. O debate sobre a regulamentação do metaverso divide opiniões no setor. Em um debate recente no Painel Telebrasil, o conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Emmanoel Campelo, defendeu que sejam criadas normas para impor limites no metaverso. Para alguns representantes isso representa uma trava no desenvolvimento da indústria.
Popular ou não, o fato é que o metaverso já é uma realidade. Resta saber se e quando ela vai impactar a vida de cada um de nós e o mercado de provedores de internet.